quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Epístolas às Laranjeiras


Tricolores daqui e de muito além,

Vivamos! Devo lhes informar que, uma vez alertados, superaremos a derrota de domingo. Mas só é possível superá-la se a admitirmos. Vamos abrir mão da tristeza, abandonar toda a opulência, vidrar nossos olhos nos mais belos vitrais das Laranjeiras. Caminhando pela sala de troféus, encontramos trinta títulos do campeonato estadual do Rio de Janeiro! Trinta títulos enfeitam nossos sonhos, trinta títulos iluminam o caminho para o próximo – que está por vir, seja quando for. Todos eles conquistados com a certeza e a beleza de sermos tricolores. Todos eles eternos no peito de cada jogador, estampados em cada capa de jornal.

Caríssimo, não é preciso abaixar a cabeça para a derrota, descendo aos níveis temíveis do desatino; e nem se deve levantar a cabeça acima dos demais, onde não é o nosso lugar. Que me perdoem os idiotas, mas o Fluminense não está exposto em nenhum pedestal. De nós, brotou e se alastrou o futebol carioca e muito do futebol brasileiro. E não há lugar melhor do que existir, sempre, em seu seio.

É muito fácil brilhar do alto, eu quero o brilho no meio das multidões. Esqueçam as contratações milionárias, as estruturas européias – isso só ajudou a acentuar diferenças, a separar seres humanos de seres humanos.

Toda distinção em níveis é estúpida. Estatísticas são demônios do passado que assombram o futuro. Eu quero um jogador capaz de comandar um time aos 18 anos, um treinador capaz de voltar 15 anos depois de ser campeão para tirar o clube da lama. Eu quero o meu Fluminense, o nosso Fluminense, que chegou aqui sendo exatamente o que é.

E, para isso, temos, um no outro, a verdadeira torcida tricolor.

0 comentários:

Postar um comentário